E eis que a esperança voltou

João Dulci*

Sim, o título é piegas. Há algumas semanas eu havia escrito aqui que talvez faltasse à campanha de Lula um toque de alegria. A reatividade à pauta imposta durante, pelo menos, 6 anos nos deixou na defensiva. Não seria fácil criar uma onda positiva num país marcado por tanto ódio. Eis que conseguiram. Sabe-se lá se num ciclo virtuoso, em que o crescimento de Lula gerou o aumento da onda, ou se pelo trabalho eficiente da campanha, atrás de votos, que formou paulatinamente o aumento da esperança.

Duas horas em um 7 de setembro na praia de Copacabana

Jorge Chaloub*

O barulho é parte frequente do cenário de Copacabana. Seja por turistas animados em um dia de praia, reações a jogos de futebol ou encontros inevitáveis em suas ruas sempre cheias, um feriado de sol no bairro é muitas vezes marcado por gritos, buzinas, músicas estridentes e outros tipos de sons nada discretos.

Deslealdade, desinformação e fracasso constituinte: sobre a convenção constitucional chilena de 2020-2021

Alexandre Mendes*

Este é um texto de reação rápida a um acontecimento de significação ainda pouco dimensionável. Passamos o último ano e dois meses, junto a estudantes e colegas, acompanhando de perto o processo constituinte chileno e ainda estamos sob o impacto da vitória do ‘Rechazo’ no plebiscito de saída do processo constituinte do Chile. De nossa parte, havia muita expectativa quanto a esta nova constituição. Ela significava a continuidade de uma das principais linhas de força da chamada “onda progressista” sul-americana[1]: o que os constitucionalistas e cientistas sociais chamaram de “novo constitucionalismo”, em especial após os processos constituintes equatoriano e boliviano. Porém, não simplesmente continuidade: a introdução da perspectiva feminista no texto avançava em terreno no qual as demais Constituições da região ainda tangenciavam.